A Comissão
Especial do Impeachment no Senado aprovou por 14 votos a 5 o relatório do
senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), favorável ao afastamento da presidente
Dilma Rousseff. O resultado já era esperado devido à configuração do colegiado.
O parecer segue agora para apreciação do plenário do Senado, onde deve ser
votado na próxima terça-feira, 9. O julgamento da presidente está previsto para
o fim de agosto.
Apenas o
senador Wellington Fagundes (PR-MT), que foi vice-líder do governo Dilma no
Senado, não participou da votação. Ele votou favoravelmente ao impeachment na
primeira fase do processo e é o atual relator do orçamento de 2017, cargo
concedido a ele já na gestão Temer. De acordo com a assessoria, o senador não
pôde comparecer por questões particulares.
A sessão
correu com tranquilidade, apesar das falas de caráter político. Os discursos
seguiram ordem de inscrição, mas os senadores favoráveis ao impeachment foram
os primeiros a falar. O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), afirmou que o
Senado irá fazer justiça ao afastar definitivamente a presidente. "Dilma
será afastada pelos gravíssimos delitos que cometeu. Os crimes foram cometidos
em nome de um projeto de poder e configuram a maior fraude fiscal na história
do Brasil, atestada pelos auditores do Tribunal de Contas da União (TCU)",
afirmou.
Em defesa da
presidente Dilma, o senador Humberto Costa (PT-PE), ex-líder do governo da
petista, colocou dúvidas sobre a legitimidade do processo e comparou o
relatório de Anastasia à chave do golpe militar de 1964. "Com todo
respeito, o relatório de vossa excelência equivale a uma senha para o golpe. Ninguém
consegue acreditar que se conseguiu prova que a presidente cometeu qualquer
crime", disse Humberto.
Para o
petista, o processo de impeachment usa tecnicidades jurídicas para tentar
justificar o afastamento ilegítimo de Dilma Rousseff. Ele citou o resultado da
perícia e de decisão do Ministério Público Federal, que isentaram a presidente
de culpa pelas pedaladas fiscais.
Próximos passos - O relatório de
Anastasia precisa passar ainda pelo plenário do Senado. A votação, conhecida
como pronúncia do réu, está prevista para a próxima terça-feira. Caso a maioria
dos senadores seja favorável ao relatório, acontecerá um julgamento final da
presidente.
O agendamento
do julgamento cabe ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo
Lewandowski. O ministro divulgou nota no último fim de semana informando que a
primeira data possível para o início do julgamento seria em 29 de agosto.
Entretanto, houve movimentações para que essa data fosse antecipada. O próprio
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se posicionou pelo início do
julgamento em 26 de agosto.
O julgamento deve
durar, pelo menos, uma semana. Tanto defesa quanto acusação poderão indicar
testemunhas a serem interrogadas pelo conjunto de senadores no plenário. A
quantidade de depoimentos ainda não foi definida, mas Lewandowski demonstrou
que deve seguir os moldes do Tribunal do Júri, com cinco testemunhas para a
defesa e outras cinco para acusação.

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