Folha de Pernambuco: O seu governo iniciou estudos para um modelo mais eficiente da Compesa. Quais serão os próximos passos? Há prazos para realização do leilão para concessão de parte serviços da Compesa?
Raquel Lyra: “Hoje, cerca de dois milhões de pessoas não têm acesso à água em Pernambuco. O racionamento com o qual historicamente temos que lidar é o mais severo do Brasil. Mas, desde o início da gestão, as nossas equipes têm trabalhado diuturnamente para mudar essa realidade.
Uma consultoria contratada pelo BNDES já produziu alguns dos estudos necessários para a definição da modelagem para concessão do saneamento no Estado.
Estamos desenvolvendo o último dos quatro estudos contratados junto à consultoria e temos feito os ajustes necessários nas informações que constarão no relatório final, cujo prazo para conclusão é o primeiro semestre deste ano. A nossa expectativa é que o leilão para a concessão dos serviços de saneamento ocorra até 2025.
Tudo isso se mostrou necessário porque nós até garantimos recursos para investimentos na área, através de empréstimos, mas eles são insuficientes diante dos desafios que existem pela frente, uma vez que vamos precisar de aproximadamente R$ 20 bilhões para atingirmos a meta de universalização estipulada no Marco Legal do Saneamento.”
A construção do Arco Metropolitano é uma demanda para escoamento da produção do polo automotivo de Goiana e melhoria da mobilidade de toda a região. Podemos ter avanço desta obra nos próximos meses?
“O Arco Metropolitano é uma das prioridades da infraestrutura rodoviária do Estado, tanto para dinamizar o escoamento da produção, como também para criar novas fronteiras de desenvolvimento na Região Metropolitana do Recife.
Hoje já dispomos de parte dos recursos para tirar do papel as obras do eixo sul do empreendimento, um trecho que vai da BR-101 Sul à BR-408 e custará, ao todo, R$ 1,2 bilhão. Parte do montante virá do Novo PAC e outra parte de operações de crédito que conseguimos contratar em 2023.
O projeto está avançando e a licitação deve ser lançada ainda em 2024, uma conquista extremamente importante para o Estado.”
Uma das promessas da sua campanha é o programa Mães de Pernambuco, que teve o projeto de lei aprovado pela Alepe. Podemos esperar a implementação deste projeto quando?
“O Mães de Pernambuco é um compromisso assumido ainda quando estávamos em campanha e vai virar realidade na vida de 100 mil famílias. Serão beneficiadas mães que têm filhos de até seis anos, que vão receber o valor mensal de R$ 300, somado ao Bolsa Família.
Este será o maior programa de transferência de renda de Pernambuco e do Nordeste, e vai ajudar a colocar comida na mesa de quem vive em extrema vulnerabilidade, garantindo dignidade para essas famílias.
Estamos concluindo alguns detalhes relativos ao decreto e ao operador financeiro que irá executar os pagamentos às mulheres, mas o programa será lançado ainda no primeiro semestre deste ano.”
Como está a recuperação de hospitais públicos como o da Restauração?
“Eu costumo dizer que não existe solução fácil para problema difícil. Trabalhamos duro e estamos, diariamente, enfrentando os desafios que recebemos.
Estamos arrumando a casa e já colhendo resultados. Tivemos recorde na execução de despesas na saúde em 2023. Entregamos 358 novos leitos e o novo ambulatório do Hospital Agamenon Magalhães, no Recife, foi inaugurado - obra inacabada desde 2015 -, com investimentos de R$ 25 milhões. O novo bloco cirúrgico do Hospital Alfa, com procedimentos de média e alta complexidade contou com um investimento de R$ 20 milhões. No Otávio de Freitas, inauguramos uma Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) e no Barão de Lucena 52 leitos para reforçar a assistência oncológica em Pernambuco.
Nomeamos quase 300 novos médicos e estamos reestruturando o Sassepe, com pagamento de R$ 150 milhões de débitos antigos para a rede credenciada e sanção da lei que prevê a pactuação de mais R$ 250 milhões de repasses extraordinários do governo.
No âmbito da atenção especializada, por exemplo, o serviço de ortopedia pediátrica passou a ser ofertado no Hospital Ruy de Barros, em Arcoverde, e no Hospital Eduardo Campos, em Serra Talhada, que também tem neurologista, cardiologista e vascular de plantão 24 horas. Ainda no Sertão do Estado, iniciou-se o atendimento de emergência cardiológica 24 horas, também com funcionamento da hemodinâmica. Também habilitamos duas maternidades para alto risco, em Salgueiro e em Vitória de Santo Antão.
No Agreste, retomamos as obras do Hospital da Mulher, que começou a ser construído em 2013, e devemos entregar nos próximos meses a nova unidade de saúde, com atendimento especializado na área materno-infantil e 186 novos leitos. Essa será a primeira das cinco maternidades que vamos construir até o fim do mandato para que as mães de Pernambuco tenham o direito de ter seus filhos mais perto de casa.
O Hospital da Restauração está em obras no 7º andar. A licitação para os demais andares já foi lançada. Estamos tendo a preocupação em fazer dessa forma, porque o Hospital da Restauração, que é a maior emergência do Norte-Nordeste, não pode parar. As obras representam um investimento de R$ 31 milhões.
Na Saúde, estamos fazendo um trabalho que tem começo, meio, mas não tem fim.”
Governadora, a senhora estava negociando a aquisição do Americano Batista, colégio tradicional no Recife. Qual a situação hoje, quanto já foi investido e que destino a senhora vai dar ao espaço?
“O imóvel já foi desapropriado e o último pagamento concluído, no valor de aproximadamente R$ 80 milhões. O espaço será um grande complexo educacional, administrado pela Secretaria de Educação e Esportes, voltado para a formação de profissionais da educação, e terá equipamentos que poderão ser utilizados por estudantes da rede estadual de ensino e cidadãos do Recife.”
Sobre a Escola de Sargentos, no termo de compromisso assinado com o Governo Federal, cabe ao Estado viabilizar a infraestrutura como a melhoria Estrada de Aldeia, por exemplo. Há previsão para início dos serviços? O que será feito além disso?
“A Escola de Sargentos é uma obra muito importante tanto para Pernambuco quanto para o Nordeste. O nosso governo instituiu um grupo de trabalho, com participação de 11 secretarias de Estado, do Exército, da universidade e da sociedade civil, e a partir daí foram construídas as alternativas para viabilizar a sua implantação.
Com relação à PE-027, este é um exemplo claro de como esse diálogo trouxe um benefício imediato. Estando no mesmo GT com o Fórum Socioambiental de Aldeia, ocorreu a completa modificação do projeto da via (Estrada de Aldeia), que passou de um projeto de estrada tradicional para ser um projeto de via com ciclofaixa, aprovado em conjunto com o Fórum.
Em breve, a PE-027 será licitada. O governo está empenhado em construir a infraestrutura necessária para garantir a viabilização da obra: saneamento, estrada e também atento à questão ambiental.”
Recentemente, a senhora fez mudanças no primeiro escalão do seu governo. Durante a posse, muitos secretários falaram sobre a necessidade de imprimir velocidade nas entregas de obras e programas do governo. Esta é uma prioridade da gestão para este ano?
“Nossa prioridade é dar celeridade e executar os compromissos que temos com o povo de Pernambuco. Para isso, empossamos nomes que apoiam e que acreditam no nosso plano de governo. Os novos secretários já chegam colocando a mão na massa, porque somente assim realizaremos as melhorias que o estado de Pernambuco tanto precisa.”
Há uma expectativa grande pelo seu posicionamento nas eleições deste ano nos municípios. Quando vai começar a ser definida a estratégia do seu grupo político para as eleições deste ano? Esse debate será feito com os partidos aliados?
“Entendo a expectativa, mas vou respeitar o tempo da política, marcado pela construção de diálogo, afinal temos um calendário determinado. Pernambuco impõe grandes desafios e costumo dizer que continuo trabalhando para ser candidata a melhor governadora que Pernambuco já teve, honrando a confiança da nossa gente que apostou na mudança que estamos imprimindo em Pernambuco.
As filiações estão acontecendo e o prazo disso é até início de abril. Aí sim, é o momento certo das candidaturas serem apresentadas. De todo modo, as movimentações políticas, devido às eleições do final do ano, já existem. Eu, inclusive, saí da presidência do PSDB para permitir que o partido possa cuidar dos diálogos e avançar com seu crescimento, como os outros partidos de Pernambuco. Eu sempre tenho dito que o foco prioritário é o governo.
Naturalmente, o PSBD fará as alianças junto aos partidos para assim lançar os candidatos que vão concorrer às eleições municipais de 2024, mas é importante que a gente se mantenha dentro do nosso projeto, que vai além do ano eleitoral. Estaremos junto de quem nos apoia e está conosco nesse desafio de transformar o Estado. A mudança está chegando na vida das pessoas.