Jair Bolsonaro (PSL) enfrenta forte resistência no eleitorado feminino. Marina Silva(Rede) patina entre os homens. Ciro Gomes (PDT) não convence os evangélicos. Geraldo Alckmin (PSDB) não atrai os mais jovens. Fernando Haddad (PT), provável substituto de Luiz Inácio Lula da Silva, tem desempenho pífio no interior.
Além de mostrar quem lidera a
corrida eleitoral, a pesquisa Ibope/Estado/TV Globoexpôs os segmentos do
eleitorado em que os candidatos têm desempenho mais fraco que a média.
É provável que esse quadro se
mantenha, em um primeiro momento: as equipes de campanha dos principais
concorrentes não planejam fazer agora esforços para conquistar
eleitores mais resistentes. Pelo contrário, a estratégia é reforçar os laços
com eleitores de perfil mais afeito ao discurso de cada um.
Apenas um terço do eleitorado de
Bolsonaro, do PSL, é formado por mulheres – sendo que as eleitoras são 53% do
eleitorado nacional. O deputado, que costuma obter alto engajamento de
seguidores nas redes sociais, também enfrenta resistências no eleitorado mais
velho e menos conectado à internet.
Se dois terços do eleitorado de
Bolsonaro é masculino, com o contingente que apoia Marina ocorre o contrário.
Segundo o Ibope, somente 37% dos eleitores da candidata da Rede são
homens. Ela também tem desempenho abaixo da média nacional entre os eleitores
mais velhos, brancos, de renda alta e do interior.
Na divisão das intenções de
voto por gênero e por religião, porém, a distribuição dos simpatizantes de
Alckmin espelha exatamente a composição do eleitorado do País.
O petista Fernando Haddad ainda
nem se apresenta como possível candidato, apesar de o PT apostar nele como
“plano B” para quando Lula for declarado inelegível por problemas legais – o
ex-presidente foi condenado em segunda instância e está preso desde o dia 7 de
abril. Pouco conhecido no País, Haddad é
ainda mais ignorado fora das capitais.
Fragmentadas, campanhas preferem preservar ‘convertidos’ - Para o
cientista político Glauco Peres, da USP, a fragmentação das candidaturas faz
com que as campanhas deem prioridade a preservar o eleitorado mais convertido,
evitando avançar com tanta avidez nas parcelas da população em que são mais
desconhecidos ou rejeitados. “É muito custoso avançar (em outras parcelas) e
ter o risco de perder o seu eleitorado. Tem sido uma estratégia conservadora
nas duas lógicas: de não avançar e de não perder o seu”, diz. Segundo ele,
Bolsonaro é quem aplica esse artifício com mais clareza.
De acordo com Peres, que vê a
possibilidade de um candidato ir ao segundo turno com votação entre 15% e 20%,
o tempo curto de campanha também reforça essa lógica. “Se tivesse mais tempo,
seria muito arriscado ficar parado. O ideal seria ir angariando mais votos aos
poucos, pelas bordas.”
A diminuição de recursos
financeiros, com a proibição da doação empresarial, é outro fator responsável
por evitar deslocamentos que podem se mostrar inúteis. Bolsonaro, por exemplo,
é de um partido nanico, que não tem uma máquina consolidada nos Estados e
municípios Brasil afora. “Ele vai lá (a cidades em que não tem muitos votos)
fazer o quê? Não dá para ir a furadas. É uma eleição de muito cuidado”, aponta
Peres.
Por outro lado, quem está em
situação delicada é Alckmin. Para chegar ao segundo turno, o candidato que mais
tem tempo de TV no horário eleitoral gratuito se vê obrigado a tirar votos de
Bolsonaro, que tem sido uma pedra no sapato do tucano até em São Paulo, Estado
que governou por quatro mandatos e é o principal reduto político da legenda.
“Alckmin precisa ser muito mais incisivo contra o Bolsonaro. Está perdendo voto
para ele e precisa reverter isso muito rápido”, diz Peres.
No entanto, a estratégia de
pregar para convertidos tem seus riscos. Ao avançar para o segundo turno, o
candidato precisa moderar o discurso a fim de atrair os eleitores “mais
difíceis”, aponta o cientista político Cláudio Couto, da FGV-SP. “Existem
momentos para cada coisa: o foco prioritário nesse momento do primeiro turno
pode ser os eleitores ‘garantidos’”, observa Couto, lembrando que a opção de
Alckmin pela gaúcha Ana Amélia como vice foi certeira ao focar no Sul, onde tem
grandes chances de angariar votos durante a campanha.
Com informações do Estado de S. Paulo
Com informações do Estado de S. Paulo
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