terça-feira, 9 de julho de 2019

Direitos Humanos condena ação policial que terminou com a morte de 8 assaltantes na Paraíba. “Espetáculo macabro” e “Culto ao sangue”

O Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba (CEDH-PB) repudiou a ação conjunta das polícias Civil e Militar de Pernambuco e Paraíba que resultou na morte de oito suspeitos de integrarem um bando criminoso. Em nota pública, divulgada nesse domingo (7), o CEDH do estado vizinho classifica a ação como “espetáculo macabro” e “culto ao sangue”. 

O caso repudiado na nota teve seu início na segunda passada (1), quando um PM pernambucano foi baleado na cabeça por um grupo criminoso que tinha acabado de assaltar um mercadinho em Santa Cruz do Capibaribe, Agreste. Em ação conjunta com forças da PB, o bando foi localizado em um sítio, no limite entre Barra de São Miguel e Riacho de Santo Antônio, municípios paraibanos. De acordo com a PMPE, a reação foi necessária por conta dos suspeitos terem atacado a força pública durante a ação.

De acordo com a presidente do conselho, Guiany Campos Coutinho, a nota se põe contra o tratamento que foi dado aos corpos dos suspeitos. “A gente não está sendo a favor dos bandidos. Não aceitamos a forma com que aconteceu, aquela encenação com os corpos”, diz Guiany, citando vídeos que viralizaram nas redes sociais. Um deles mostra os mortos empilhados, um em cima do outro, dentro da UPA de Santa Cruz - alguns deles com os órgãos genitais expostos. 

“A gente se solidariza com a corporação, com a família do policial pernambucano que perdeu a vida. Mas também se solidariza com a família dos que morreram. Família de bandido nem sempre é bandido. Tem alguma mãe aí sofrendo também”, pontua a presidente, que espera que o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Pernambuco também se posicione sobre o ocorrido.

Na nota, o CEDH-PB diz que foram testemunhados “atos incompatíveis com a atividade policial”, algo que rebaixa a polícia. “Tal cenário, nada distante do culto ao sangue do antigo Coliseu de Roma, concorre não para o fortalecimento, mas para o descrédito da atividade policial, transformada, pelo tratamento absurdo da cena do crime, em um grotesco ato de vingança selvagem, a anos-luz de distância da ideia de uma ação policial racional, eficiente e planejada, como acreditamos ter sido o propósito da atuação das autoridades da segurança pública”, aponta.

PMPE rebate - Em nota ao Diario, a Polícia Militar de Pernambuco disse que “todos os fatos relacionados à ocorrência tratada pela reportagem foram debatidos à exaustão numa entrevista coletiva”, ocorrida na quarta (3) passada. 

“Como foi dito a todos da imprensa presentes ao Quartel do Comando Geral, no Derby, houve enfrentamento com uma quadrilha extremamente perigosa, que recebeu o policiamento a tiros, forçando uma resposta à altura do efetivo. As investigações sobre todos os fatos continuam sendo realizadas pela Polícia Civil, que poderiam ser prejudicadas com a precipitação de divulgação de detalhes”, diz a instituição.

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