terça-feira, 25 de setembro de 2018

Em reta final de campanha, candidatos partem para o ataque

Há duas semanas da eleição, os candidatos ao Governo de Pernambuco voltaram a se encarar num debate, nesta terça-feira (25), em uma emissora local. Estiveram presentes Paulo Câmara (PSB), Armando Monteiro (PTB), Dani Portela (PSol) e Maurício Rands (Pros). E diante da disputa acirrada nas últimas pesquisas e da proximidade do pleito, o encontro foi marcado por acusações e até por pedido de direito de resposta. 

O governador e candidato à reeleição, Paulo Câmara, foi o primeiro a se pronunciar, quando foi dado aos postulantes um minuto para dizerem porque desejam governar Pernambuco. Paulo procurou ser propositivo nas declarações iniciais. "Quero continuar a governar o Estado para manter as nossas conquistas. Pernambuco hoje tem a melhor educação pública do Brasil. Temos muito o que fazer ainda, mas tenho certeza que nossa experiência no serviço público e da nossa capacidade de fazer mais e criar time, de juntar e trabalhar em benefício do povo de Pernambuco vai continuar", disse.

Em seguida, Armando apresentou logo de cara o tom que adotaria ao longo do debate: sempre incisivo nas críticas ao governador."O atual governo de Pernambuco sofreu um grave retrocesso. 16.400 pernambucamos foram assassinados. 20 mil aguardam nas filas para fazer uma cirurgia. Centenas de obras paradas. 700 mil pernambucanos desempregados. A população de Pernambuco foi vítima do atual governo e eu fui vítima, na semana passada, de um conjunto de agressões covardes e grosseiras a partir de acusações caluniosas que, inclusive, foram dirigidas à minha família", reclamou.

Depois, Dani Portela (PSol) se posicionou contra o conservadorismo, adotando um discurso de adesão às lutas populares. "Estou candidata pela primeira vez porque, assim como você, estou cansada da velha política em Pernambuco, das velhas oligarquias e das mesmas práticas de incoerência de palanques e alianças feitas simplesmente pelo voto. A nossa aliança é nas lutas com o povo contra essa onda de retrocesso.

Por fim, Maurício Rands (Pros) apresentou duas obras que pretende fazer se for eleito: a duplicação da BR-232 no trecho de São Caetano a Petrolina e a construção de uma ferrovia entre Goiana e Suape, para transporte de cargas e passageiros. "Quero ser o governador do emprego, do desenvolvimento com sustentabilidade e inclusão social. Vou trazer um novo modelo de gestão para Pernambuco", prometeu.

Ao longo do debate o que se viu foi o embate particular entre Paulo e Armando, que brigam pela liderança dos votos, além de críticas ao Governo feitas por todos os concorrentes do socialista.

Direito de Resposta - Durante o debate, a campanha de Paulo Câmara solicitou e obteve direito de responder a uma acusação do senador Armando Monteiro de que ele teria "apadrinhados políticos" entre os cargos comissionados do governo que eram considerados "funcionários fantasmas". Paulo desmentiu a informação e destacou a importância dos cargos comissionados em qualquer gestão pública.

Polo de confecções - A primeira pergunta entre os candidatos foi feita por Maurício Rands a Paulo Câmara, a respeito do aumento de tributos estaduais no setor de confecção. O governador respondeu que, pelo contrário, simplificou a carga tributária e combateu a informalidade, ações que foram feitas, segundo ele, dialogando com a cadeia produtiva. Ele citou, ainda, os investimentos em capacitação. Na tréplica, Rands criticou a "lógica fazendária e burocrática do governo", conceito que adotou sempre que se referia ao Governo.

Reforma trabalhista - Ponto alto na polarização entre os dois candidatos mais bem pontuados nas pesquisas, a reforma trabalhista foi trazida à tona em vários momentos. Paulo direcionou sua pergunta ao senador Armando Monteiro, questionando o candidato sobre o motivo dele ter votado a favor da reforma. O tema gerou um grande embate e troca de acusações entre os dois. Confira, na matéria.

Saúde - Armando perguntou a Dani sobre a situação da saúde pública de Pernambuco, criticando as promessas não cumpridas pelo governador. Dani Portela lembrou que a saúde no Estado tem uma das piores avaliações. "A gente investe muito pouco em atenção básica, em detrimento aos atendimentos de média e alta complexidade", criticou. 

Dani também disse que tratará o saneamento como questão de saúde pública e cobrou auditoria nas OSs e acessibilidade de pessoas com deficiência nos hospitais. Ela lembrou, ainda, da PEC do Teto dos Gastos que congelou investimentos em Saúde por 20 anos, aconselhando o eleitor a saber quem foram os candidatos que ajudaram a aprovar a medida.

PPP da Compesa - Dani perguntou a Rands sobre a PPP da Compesa e como ele pretende atuar no saneamento básico. "Saneamento básico é saúde. Saneamento é direito e o problema envolve a necessidade de muitos recursos. Se esperarmos os recursos do Estado, o saneamento só poderia ser feito em 60, 70 anos. A ideia de atrair investimentos privados é correta, o que precisa ser feito é uma modelagem para que as empresas que participem tenham idoneidade", sugeriu Rands. Contudo, Dani discordou do modelo. "Um estado mínimo não é garantidor de direito. Somos a favor, sim, da diminuição de cargos e dos 'amigos do rei', mas o estado precisa ser forte", criticou.

IPVA das motos - O tema da isenção de impostos para "motos cinquentinha" tem gerado divergência entre paulo e Armando."Há muito preconceito com essa questão. O socialista critica a proposta de Armando, pois considera que ela aumentaria os acidentes, agravando a saúde pública. Além disso, os dois divergem sobre o modelo de tributação ideal.

"As cinquentinhas eram isentas, Paulo é que passou a cobrar o IPVA. É algo muito recente, quando já havia esse quadro que pressiona a saúde pública. A moto é uma ferramenta de trabalho e um meio de locomoção num país que tem muitos problemas de mobilidade. Precisamos de mais fiscalização e equipamentos de segurança. O atual governo recolhe as motos aos depósitos. E a polícia, que muitas vezes deveria estar combatendo os bandidos, prejudica o sustento de muitos pernambucanos que dependem desse meio de transporte. O Paulo é contra isentar o IPVA das motos. É a visão fiscalista, a visão de punir os pequenos sempre", afirmou Armando.

"As coisas precisam ser esclarecidas. As cinquentinhas tiveram sua regulamentação definida a partir de uma Lei Federal aprovada no Congresso e fez a obrigatoriedade de todos terem o devido cadastro para o registro. Mas a grande questão do licenciamento de motos não está no IPVA, mas está no seguro obrigatório, que é um a taxa federal e precisa ser discutida no âmbito federal e Armando, como senador da República, não discutiu seriamente essa questão", rebateu.

Com informações da Folha de Pernambuco

Nenhum comentário:

Postar um comentário