sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Um país que retrocede - Armando Monteiro diz que “Brasil vive processo precoce de desindustrialização”


“A melhor forma de crescer é pela indústria, pois ela dissemina conhecimento, remunera melhor o fator trabalho e tem, evidentemente, uma interrelação, um encadeamento, com todos os setores da economia”, afirmou Armando que participou do fórum nos estúdios da TV, em São Paulo. O evento também contou com a presença de representantes do setor produtivo, a exemplo do presidente do Movimento Brasil Competitivo, Jorge Gerdau.

De acordo com Armando, o processo de desindustrialização se dá por uma soma de fatores, a exemplo da má condução das políticas macroeconômicas, como câmbio e juros. “Nós tivemos um câmbio muito apreciado durante um largo tempo, o que tira competitividade da indústria brasileira, e juros muito elevados, o que aumenta significativamente o custo de capital. Tivemos também várias gerações de políticas industriais pouco efetivas, que privilegiaram setores e empresas, mas que não tiveram um corte mais transversal, no sentido de atacar, por exemplo, o custo Brasil, um conjunto de ineficiências que impõem um elevado custo à economia, e isso produz a perda de competitividade”, afirmou.

Para o ex-senador, uma reforma tributária ampla é um imperativo para o reequilíbrio da economia brasileira e também um tema fundamental para a indústria, por ser este o setor que tem a maior carga tributária em termos relativos. Ele voltou a criticar a condução do Governo Federal no encaminhamento da reforma. ”O Governo optou por um estratégia de uma reforma fatiada que, a meu ver, não resolve o problema e nem de longe corrige as distorções do sistema tributário atual”.

Armando lembrou ainda que, apesar dos desacertos, o Brasil tem a mais importante plataforma manufatureira da América Latina. ”É um ativo extraordinário que gerações de brasileiros construíram, e nós não podemos permitir que isso tudo possa se perder”. Por fim, defendeu que o Brasil tenha um sentido claro das prioridades e que no ambiente político se possa construir um mínimo de convergência em torno dos objetivos. “Como sou muito otimista, acho que até mesmo as tensões que temos vivido servem para que as instituições se fortaleçam. O Brasil precisa seguir na sua trajetória firmemente, com o sentido de prioridade, busca de convergências, para tocarmos essa agenda de reformas, que está tão atrasada. Portanto, fica aqui uma palavra de quem continua confiante e acreditando no País“, concluiu.

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