A sensação corriqueira de quem está assumindo um cargo, um namoro, uma amizade, mas acha que não é apto para aquilo ou para aqueles acontecimentos. A autossabotagem e o sentimento de "vão descobrir quem sou de verdade, não tenho competência e nem potencial" é latente e constante. Na síndrome, a pessoa é o impostor da própria vida, geralmente, com receio de assumir sua vida adulta, sempre arrumando desculpas para sair de relacionamentos e de crescimento. Um sentimento constante é que muita gente pode acreditar que entrou em empregos por indicação ou sorte, mas nunca por dar conta do recado. Isso também se aplica a relacionamentos amorosos, de amizade, com parentes.
No trabalho, esse quadro pode ser mais fácil de ser visualizado, a pessoa com síndrome do impostor tem a tendência de acreditar que precisa trabalhar por mais tempo para mostrar que consegue ou ainda se afasta dos colegas para que ninguém "descubra" a sua insegurança. Em geral, quem tem a síndrome é muito competente, mas cultiva uma visão negativa da própria vida.
De acordo com o psicólogo e professor do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), Aluísio Soares, a descrença em relação à própria capacidade é um dos sinais mais evidentes da síndrome do impostor. A ideia de que o sujeito não merece ter sucesso profissional porque é uma fraude paira sobre a mente das pessoas que convivem com estes sinais.
"Isso pode levar a diversos sofrimentos psicológicos, como baixa autoestima, dificuldade de estabelecer as suas rotinas produtivas e descrença individual. Fica evidente em locais de trabalho, ambientes acadêmicos e espaços em que a competitividade é alta, como a área comercial", explica.
Uma educação durante o período do desenvolvimento infantil que super valorizou defeitos pode colaborar para níveis de ansiedade elevados, medo de enfrentar o novo, de crescer, de enfrentar a vida adulta.
Ainda segundo Aluísio, é muito comum que as pessoas sintam uma grande insegurança e um medo incontrolável de que outras acreditem na sua falta de investimento nas coisas, seja na vida pessoal ou no trabalho. E que ainda atribua o seu sucesso, em qualquer área da vida, a pura sorte e nunca a própria competência. Porém, tudo isso não passa de uma construção criada pela mente em um contexto de baixa autoestima e autoconfiança.
"É importante salientar que a síndrome do impostor, eventualmente, pode ser fruto de uma sociedade da exigência, onde tudo precisa ser realizado com excelência e alta qualidade a todo momento. É preciso observar como as demandas são interpretadas pelos sujeitos e compreendermos como serão os impactos na realização das mesmas, pontuando a dificuldade ou o êxito. É nesse sentido onde podemos identificar adoecimentos ou comportamentos sadios nos sujeitos", conclui.
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