terça-feira, 14 de março de 2023

Educação financeira no ensino de base pode contribuir para a melhora do cenário de endividamentos do país?


Segundo dados do Serasa, o Brasil é um país de endividados porque cerca de 64 milhões de brasileiros estavam no rol de inadimplentes até dezembro de 2021. Muito se discute uma proposta de educação financeira no ensino de base como uma das medidas para conscientizar a criança e o adolescente sobre o poder de compra, como economizar, o que seria investimento e quais as formas possíveis de fazer. Isso impacta diretamente na cultura dos indivíduos e na consciência em relação ao dinheiro.

Segundo a economista e professora do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), Lytiene Rodrigues Cunha, a sociedade e, principalmente, os jovens e crianças vivem imersos em uma cultura de marketing que bombardeia anúncios que estimulam o consumo. Muitas vezes, essas publicidades fortalecem o desejo de compra, de ter o objeto e coloca uma distância ainda maior na educação financeira.

“As redes sociais podem contribuir consideravelmente para isso, além da televisão, séries, filmes e perfis de famosos. Contudo, o ensino de propostas de reflexão de administração de recursos financeiros desde cedo, buscando a conscientização das reais necessidades e evitando o consumo sem sentido, fariam com que as crianças levassem esses ensinamentos para a vida adulta, sendo pessoas mais conscientes e menos endividadas ou até livres de débitos”, fala.

Em algumas escolas, a educação financeira é uma realidade no ensino didático dos alunos. Séries do ensino fundamental apresentam o conteúdo aos alunos desde a reformulação da Base Nacional Comum Curricular, quando foi instituída através da Resolução Conselho Nacional de Educação/ CP no 2, de 22 de dezembro de 2017.

Contudo, essa parte diversificada difere de uma escola para outra, porque cada uma delas pode escolher a área de ensino, disciplina, que está mais alinhada com o perfil da região onde está localizada. Então, enquanto uma escola opta por educação financeira, outra pode escolher letramento digital. Ainda de acordo com Lytiene, o primeiro retorno positivo é a existência de uma sociedade que possua uma consciência de suas reais necessidades e tenha um ambiente melhor para viver.

“A adoção em maior escala na parte diversificada do ensino fundamental da disciplina educação financeira pode estabelecer uma população com pessoas menos endividadas, mais conscientes de seu consumo e com mais saúde mental por não pensar em honrar dívidas. Inclusive, enquanto educa crianças, elas estendem os hábitos educacionais aprendidos para o convívio com os familiares, o que implica em uma proposta indireta de educação dos adultos que convivem como pais, responsáveis, tios, avós, primos”, finaliza.

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