O empresário Joveci Xavier de Andrade, um dos donos da rede Melhor Atacadista, negou ter participado dos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro. A declaração foi feita durante a CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta quinta-feira (13), mas o próprio depoente entrou em contradição ao ser confrontado com uma foto onde aparece junto a bolsonaristas radicais (veja vídeo acima).
Joveci é suspeito de financiar o acampamento bolsonarista que ficava em frente ao Quartel-General do Exército Brasileiro, além de fornecer transporte para radicais que cometeram os ataques. Após ser confrontado com uma foto dele junto onde segura um cartaz contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ele voltou atrás.
"Eu não entendi assim o 'participar'. Ir lá, ir no QG eu fui muita vezes. Eu entendi o participar de forma diferente", disse o empresário Joveci Xavier de Andrade.
O presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), mostrou em um telão duas fotos em que o empresário aparece. Uma no acampamento e outra na Esplanada dos Ministérios, no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes.
Sobre a foto dele na Esplanada dos Ministérios, no dia 8 de janeiro, Joveci disse que chegou ao local por volta das 17h, mas que não invadiu nenhum dos prédios e que só chegou "próximo à rampa do Congresso Nacional".
O empresário também negou ter fornecido alimentos, banheiros químicos e barracas para o acampamento bolsonarista. Ele disse ainda que não contratou um trio elétrico para manifestações a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mesmo sendo mostrada uma foto de um caminhão.
Empresário Joveci Andrade, durante CPI dos Atos Antidemocráticos — Foto: André Duarte/Divulgação
Além do Melhor Atacadista, o empresário Joveci Xavier de Andrade é sócio da Garra Food Solutions, da Canal Distribuição e da Marcas Premium. O g1 entrou em contato com as quatro empresas citadas, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
“A nossa empresa não participa rede nenhuma doação política. Não doou um centavo", disse Joveci, durante o depoimento.
O empresário obteve na Justiça o direito de ficar em silêncio durante o depoimento. No entanto, ele decidiu responder as perguntas dos deputados.
Calendário atualizado - A CPI dos Atos Antidemocráticos da CLDF apura os atos terroristas ocorridos em Brasília nos dias 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023. Em 12 de dezembro, apoiadores radicais do presidente Jair Bolsonaro deflagraram uma série de atos de vandalismo na capital federal e danificaram e incendiaram carros e ônibus. Em 8 de janeiro, grupos terroristas invadiram e depredaram as sedes dos três poderes.
Até esta quinta-feira (13), além de Joveci Xavier de Andrade cinco pessoas foram ouvidas. Veja abaixo quem já prestou depoimento e o que disseram:
- Fernando Souza Oliveira, ex-secretário executivo de Segurança do DF
- Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de inteligência da Secretaria de Segurança do DF
- Jorge Eduardo Naime, coronel da Polícia Militar e chefe do Departamento Operacional da Corporação
- Júlio Danilo, ex-secretário executivo de Segurança do DF
- Jorge Henrique da Silva Pinto, coronel da Polícia Militar e ex-membro da inteligência da Secretaria de Segurança do DF
Segundo os parlamentares, 24 pessoas estão com convocação aprovada. Entre elas, sete já têm depoimento marcado:
- 13 de abril: Joveci Andrade, empresário suspeito de financiar o acampamento no Quartel-General do Exército, em Brasília;
- 19 de abril: general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo de Jair Bolsonaro;
- 27 de abril: coronel Cintia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF;
- 4 de maio: Adauto Lúcio Mesquita, empresário suspeito de financiar o acampamento no Quartel-General do Exército, em Brasília;
- 11 de maio: coronel Fábio Augusto Vieira; ex-comandante-geral da PM;
- 18 de maio: general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto;
- 25 de maio: José Acácio Serere Xavante, indígena preso em 12 de dezembro, dia de ataques à sede da Polícia Federal, em Brasília.
Além desses, outras cinco pessoas estão na lista de prioridade para serem ouvidas na CPI: coronel Reginaldo Leitão, coronel Klepter Rosa, coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos, major Cláudio Mendes dos Santos e tenente-coronel Paulo José.
Com informações do Globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário