segunda-feira, 30 de outubro de 2023

PF aponta que dinheiro de ex-assessor de Zambelli para hacker era de compra de uísque


A investigação da Polícia Federal sobre a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em janeiro deste ano, aponta que o valor de R$ 10,5 mil pago por um ex-assessor da deputada Carla Zambelli ao hacker Walter Delgatti Neto não teve relação com o crime, mas com a venda de garrafas de uísque.

A defesa do hacker diz que ele recebeu R$ 40 mil para tentar invadir sistemas do Judiciário, parte em transferências bancárias e parte em dinheiro vivo. O laudo se refere apenas aos R$ 10,5 mil, e não faz referência ao restante do dinheiro. As informações são do portal G1.

Delgatti, que está preso desde agosto deste ano, disse à PF que o valor de R$ 10, 5 mil, recebido de Renan Goulart, por meio de três Pix em fevereiro, era parte do pagamento para invadir sistemas do Judiciário. Goulart já foi assessor de Zambelli e hoje trabalha para o irmão dela, o deputado estadual Bruno Zambelli (PL-SP).

Em depoimento à PF, Goulart afirmou que fez os Pix para Delgatti porque o hacker lhe ofereceu garrafas de uísque. O assessor adquiriu a bebida e a revendeu para um terceiro. A PF ouviu o comprador final, que confirmou a história. Os investigadores também encontraram conversas de WhastApp que indicam que Delgatti de fato vendeu uísque para Goulart na data dos pagamentos.

O advogado Ariovaldo Moreira, que representa Delgatti, disse que o hacker “afirma veementemente que os pagamentos eram para invadir qualquer sistema do Judiciário”, para desacreditá-los.

Além dos R$ 10,5 mil, Delgatti recebeu R$ 3 mil, em novembro de 2022, de outro assessor de Zambelli, Jean Hernani de Sousa, que disse à PF que o valor se referia a serviços para as redes sociais e o site da parlamentar. Zambelli ainda não prestou depoimento à polícia. Ela já afirmou publicamente que contratou Delgatti, por meio de seu assessor, para cuidar de seus perfis e site. O serviço não foi prestado.

A invasão do CNJ resultou na expedição de um falso mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O documento é assinado pelo próprio magistrado. Também foi inserida nos sistemas do CNJ uma falsa quebra de sigilo bancário de Moraes.

O inquérito sobre a invasão do CNJ caminha para a fase final. Não foi encontrada nenhuma conversa de Zambelli com o hacker em nenhum dos celulares apreendidos, de acordo com os laudos periciais que fazem parte do inquérito da PF.

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