segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Especialista explica cenário econômico com aumento de pedidos de recuperação judicial e sugere caminho para que a economia volte a esquentar


Após o pedido de recuperação judicial, solicitado pela empresa 123 Milhas, no mês de agosto deste ano, o tema tomou grandes proporções na mídia e evidenciou uma estatística que traz alertas à economia brasileira. De acordo com a pesquisa divulgada pelo Indicador de Falências e Recuperações Judiciais da Serasa Experian, 135 empresas, no Brasil, entraram com o pedido de recuperação judicial em agosto deste ano. Ao ser comparado com o mesmo período de 2022, o número teve um aumento significativo de 82,4%.

Ainda segundo a Serasa, de janeiro a agosto deste ano, 830 empresas entraram com o pedido de recuperação, e na liderança do ranking estão as Micro e Pequenas Empresas. Desta forma, ao entrar em recuperação muitas destas acabam por demitir parte dos funcionários, a fim de diminuir a folha de pagamentos, na tentativa de evitar a falência, o que gera um nível menor da produção para o mercado.

Nada disso soa de forma positiva para a economia que passa a ter maior nível de desemprego, uma quantidade menor de moeda em circulação, e tanto a oferta, quanto a demanda por bens e serviços tende a diminuir, explica a economista e professora do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), Lytiene Rodrigues. “Reduzir gastos é o primeiro passo. Mas isso implica, na maioria dos casos, redução da produção e aumento do desemprego. Os maiores afetados é a sociedade, que passa a ter uma redução na oferta de bens e serviços disponíveis”, informa.

Existem três fases, quando ocorre uma situação de recuperação judicial, a primeira, postulatória, com ingresso da ação judicial; a segunda, deliberativa, com a votação do plano de recuperação e a terceira e última, executória, com execução do plano de recuperação aprovado pelos credores. Contudo, ainda existe o desafio de cumprir o plano de recuperação e conseguir reerguer a empresa no mercado.

Para isso, a especialista dá uma possibilidade para que a economia volte a esquentar. “Uma alternativa seria um programa de aquecimento na economia, onde um banco como o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) pudesse financiar a dívida, com juros subsidiados, a partir da reestruturação produtiva da empresa, que seria realizada por profissionais especialistas no mercado. As empresas teriam uma oportunidade de se manterem, mas com uma orientação e acompanhamento especializado para fins de sobrevida”, conclui.

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