quinta-feira, 13 de julho de 2023

Servidores públicos e empresários são alvos da PF por fraude em prefeitura no Sertão de Pernambuco


Agentes públicos, servidores e empresários, suspeitos de crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro, no Sertão de Pernambuco, são alvos da "Operação Hidra", deflagrada pela Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira (13).

A corporação aponta que um gestor municipal investigado, de nome e cidade não informados, teria contratado empresas "fantasmas" e ligadas a um mesmo grupo ou aos mesmos empresários, para o fornecimento de material e prestação de serviços nas áreas de saúde, engenharia e locação de veículos.

Os alvos da operação são endereços localizados nos municípios de Recife e Camaragibe, na Região Metropolitana; Caruaru e Arcoverde, no Agreste; e Ibimirim, Afogados da Ingazeira, Itacuruba, Inajá e Salgueiro, no Sertão. A ação, que conta com um efetivo de 214 policiais, é comandada pela Delegacia da PF em Caruaru.


De acordo com a PF, eram adquiridos pelas empresas "fantasmas" medicamentos e serviços de consultas médicas, obras de engenharia, terraplanagem e pavimentação, além de locação de veículos.

Nas licitações, realizadas pelo município, há indícios, por exemplo, da indicação, por um dos empresários beneficiados pelo esquema, da pessoa que assumiria o cargo de pregoeiro. O objetivo era garantir a vitória das empresas previamente selecionadas.

Na "Operação Hidra", estão sendo cumpridos 86 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). As investigações tiveram início após um acordo de colaboração premiada.

Segundo a corporação, o acordo permitiu angariar indícios da associação criminosa, como dados financeiros, que demonstraram movimentações indicativas de lavagem de dinheiro, "possivelmente decorrente de corrupção e/ou de desvio de recursos públicos".

Também foi possível constatar a inexistência de empresas contratadas por uma prefeitura, de cidade não divulgada, e da insuficiência/incapacidade de outras empresas para fornecer os objetos licitados.

Houve a verificação, ainda, da existência de vínculos suspeitos entre os proprietários das empresas contratadas e análise de processos licitatórios com indicativos de contratações diretas irregulares, superfaturamento e fraudes.

"Há fortes elementos que sugerem que os investigados teriam mantido contatos prévios para ajustar quais empresas ganhariam as licitações, tendo, inclusive, os empresários participantes do esquema tomado conhecimento dos documentos das licitações, antes mesmo que elas fossem oficialmente divulgadas", informou a PF.

As investigações apontaram, ainda, que os alvos, agentes públicos e empresários, teriam mantido contato entre si com o objetivo de acertar valores de vantagens indevidas, que deveriam ser pagas em virtude das empresas previamente selecionadas saírem vencedoras nos certames.

No decorrer da investigação foram coletadas evidências da utilização de diversas contas "laranjas" de servidores, ex-servidores municipais e pessoas "sem qualquer condição socioeconômica para movimentar os valores revelados nos relatórios de inteligência financeira", bem como de empresas "fantasmas".

As contas movimentavam os valores provenientes de atos de corrupção e de possíveis desvios de recursos públicos.

Os crimes investigados na operação são organização criminosa, corrupção ativa e passiva, dispensa indevida de licitação, fraude à licitação, e lavagem de dinheiro, cujas penas máximas, somadas, podem ultrapassar 42 anos de reclusão.

Os detalhes da "Operação Hidra" serão apresentados pela Polícia Federal em coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira (13).

Com informações da Folha de Pernambuco

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