segunda-feira, 7 de novembro de 2022

"As urnas apontam recados", diz Danilo Cabral em entrevista na Rádio Folha FM


Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, na manhã de hoje (04), o deputado federal Danilo Cabral (PSB), candidato a governador no pleito deste ano que não conseguiu passar para o segundo, disse que percebeu um sentimento de alternância por parte dos eleitores pernambucanos e isso foi manifestado nas urnas.

Em quase meia hora de entrevista ao colunista Edmar Lyra e ao radialista Neneo de Carvalho, o deputado federal também falou sobre o que ele chama de pulverização de eleitores, como a governadora eleita, Raquel Lyra (PSDB) receberá o governo e da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência da República.

As eleições foram inusitadas pela quantidade de candidaturas que estavam disputando. Tivemos cinco candidaturas que tinham real competitividade. A diferença entre a gente e o primeiro foi de 3% ou 4%, ou seja, o eleitorado pulverizou a manifestação da sua vontade.

Eleições 2 - "Havia uma clara percepção nossa de que na população havia um sentimento de alternância, e isso foi manifestado na urna também: a quantidade de candidaturas de oposição e os resultados que tivemos. A urna apontou o desejo de a população experimentar, considerando os 16 anos que nós tínhamos e temos da Frente Popular de Pernambuco, um novo conjunto político para governar o estado, apesar de – e foi isso que defendemos durante todo o processo eleitoral – a gente entender que tinha e temos um conjunto de transformações na vida dos pernambucanos que legitimavam a gente a continuar a governar, aprofundar as mudanças que fizemos".

Desconexão - "Acho que em algum momento a gente desconectou um pouco, lá na ponta, da população. Prefeitos e lideranças políticas reconhecem o governo Paulo Câmara como um governo de avanços no nosso estado, mas esse sentimento não chegou à população. O que cabe agora, passado esse período das eleições, é sentar e fazer uma autocrítica, avaliar onde é que houve essa falta de conexão entre aquilo que efetivamente representou os avanços da gestão e a não percepção pela população desses avanços".

Dois momentos - "Faltou uma comunicação melhor daquilo que foi a execução dos nossos 16 anos. O governo de Eduardo (Campos) representou um momento; o de Paulo (Câmara), outro momento. Em alguma hora, nesse segundo momento do governo de Paulo, a gente desconectou desse eleitorado, o que levou a população perceber que precisava fazer uma alternância. Apesar de ter tido um revés eleitoral como tivemos, como candidato cumpri um papel para o qual fomos convocados e que era desafiador. A gente saiu fortalecido politicamente. Foi uma oportunidade de me apresentar melhor a Pernambuco e também de Pernambuco me conhecer mais. E a partir de agora, a gente dar sequência a uma nova caminhada".

Eleição de Lula - "Foi importante a eleição do presidente Lula não só para o Brasil, para o Nordeste, para Pernambuco, mas para o conjunto político que nós representamos, também. Além de Lula, Teresa Leitão, que foi eleita senadora na nossa chapa. Claro que teremos (o PSB) um papel a cumprir também em relação ao próprio governo Lula, que já começou a ser cumprido. O PSB, com a indicação do (Geraldo) Alckmin representava, simbolicamente, o desejo e a necessidade que a gente tinha de construir uma ampla frente política que garantisse não só a eleição do Lula, mas a governabilidade, inclusive, do próprio mandato do presidente Lula. Isso está se materializando".

Estado equilibrado - "A própria Secretaria do Tesouro Nacional mostra que Pernambuco hoje é um estado equilibrado. Tanto é que na avaliação feita pela secretaria, que é vinculada ao Governo Federal e ao Ministério da Economia, elevamos nossa avaliação, inclusive, para a captação de operações de crédito. Só para o próximo ano, nossa capacidade é de captar R$ 3 bilhões. A gente também tem um conjunto de investimentos que estão sendo feitos da ordem de quase R$ 5 bilhões, que começaram no ano passado. Vai ficar um volume grande obras em execução com recursos para isso e com recursos da própria arrecadação. Este é o estado que será entregue no ano que vem a Raquel Lyra".

Transição - "A nossa expectativa é que a transição se dê com muita tranquilidade. O governador Paulo Câmara, inclusive, já instalou a comissão, está aguardando a nova governadora apresentar sua equipe de transição. O govenador já designou os secretários da Fazenda, de Administração, de Planejamento, procuradoria; o secretário da Casa Civil, José Neto, é o coordenador da equipe de transição. Para que a gente possa, de forma republicana, abrir todas as informações, colocar a disposição tudo aquilo que é necessário ela (Raquel Lyra) saber para poder virar o ano instalando bem o seu governo".

Oposição - "Fechada a eleição, o momento é de desarmar palanque. O processo eleitoral representou um momento. Agora, é olhar para frente, cada um cumprir o seu papel. Vai caber à governadora cumprir sua missão e a nós, enquanto oposição – porque foi esse o papel que a população nos deu – fazer isso forma responsável, como sempre fizemos, contribuindo. Oposição também contribui, não é só a crítica pela crítica nem para o quanto pior, melhor. Não esperem isso da minha pessoa. Espero que ela tenha sucesso, consiga honrar o que assumiu de compromissos, que responda e atenda aos anseios da população pernambucana, que faça a avançar mais as questões que fizemos, que corrija aquilo que precise ser corrigido".

Marília - "A nossa vontade desde o início era caminhar juntos porque sabíamos que era importante. Lá atrás, tentamos, inclusive, ter Marília (Arraes) como candidata na chapa para o Senado. Fizemos esse diálogo diretamente com a própria Marília. O presidente Lula e a direção estadual do PT também tentaram convencê-la. Eu recebi Marília na minha casa, falei pessoalmente com ela. Infelizmente, coube a ela fazer essa opção. Cabe a ela explicar as razões dela. Ela entendeu que deveria ser candidata a governadora, e essa decisão nos dividiu e levou a gente perder essa oportunidade de ter, mais uma vez, a Frente Popular de Pernambuco conduzindo os destinos do estado. Em algum momento, a gente (o partido) vai ter que fazer essa autocrítica, também".

Estratégia deliberada - "Da mesma forma que nessa eleição a oposição se dividiu para ganhar - uma estratégia deliberada que ela fez, corrigindo, inclusive, o que tinha na leitura deles de equívoco na eleição de 2018, quando ficou só a candidatura de Armando -, a gente devia ter preservado nossa unidade, e houve uma divisão em cima de um projeto pessoal. Na prática, a crítica que tínhamos à candidatura de Marília, num primeiro momento, que era uma candidatura que não estava incorporada num projeto político como o Frente Popular, foi a crônica de uma morte anunciada".

Votação no Recife - "Claro que nós temos que analisar o resultado das urnas. As urnas apontam que, de fato, a gente precisa fazer uma autocrítica do porquê desse nosso resultado. Isso é objetivo. É um dado estatístico. Nós temos que mergulhar para saber porque que não conseguimos chegar ao eleitorado urbano - tanto Lula como a gente - para ter historicamente a votação que nosso conjunto sempre teve aqui. As urnas apontam recados. Nós precisamos fazer a leitura desses recados".

Com informações da Folha de Pernambuco

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