terça-feira, 4 de julho de 2023

Comissão do Senado aprova indicados do governo Lula para a diretoria do Banco Central


A Comissãog de Assuntos Econômicos (CAE) do
Senado aprovou nesta terça-feira (4) duas indicações do governo Lula para a diretoria do Banco Central.

O colegiado deu aval, por 23 votos a 2, ao nome de Gabriel Galípolo, escolhido pelo governo para o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central. E também aprovou, por 24 a 1, a indicação de Ailton de Aquino Santos, para a Diretoria da Fiscalização da instituição.

Os nomes foram aprovados após sabatina pela CAE. As indicações seguem para votação no plenário principal do Senado. Cabe ao conjunto de 81 senadores dar a palavra final sobre os escolhidos.

As sabatinas de Galípolo e de Ailton de Aquino ocorrem em meio a fortes críticas de Lula e integrantes do governo ao presidente da instituição, o economista Roberto Campos Neto, e à taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do BC.

No entendimento do governo, a Selic no patamar atual, de 13,75% ao ano, inibe investimentos e prejudica o crescimento da economia.

Além de Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e diversos ministros, entre os quais Fernando Haddad (Fazenda) e Carlos Fávaro (Agricultura), têm feito essas críticas à taxa de juros.

O mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, termina no fim de 2024, e Galípolo já é cotado para substituí-lo.

Poder eleito 'determina destino' da economia - Ex-secretário do Ministério da Fazenda Gabriel Galípolo afirmou, durante a sabatina, que não cabe a um economista "impor o que ele entende ser o destino econômico" de um país, sem considerar a "vontade democrática" da classe política eleita pelo povo.

"Não cabe a nenhum economista, por mais excelência que ele tenha, impor o que ele entende ser o destino econômico do país à revelia da vontade democrática e de seus representantes eleitos”, afirmou Galípolo à CAE.

"Talvez seja preciso se entender que é óbvio que é o poder eleito democraticamente, a vontade das urnas, que determina qual é o destino econômico da nossa sociedade", frisou o indicado.

Questionado sobre a autonomia do Banco Central, aprovada pelo Congresso, Galípolo afirmou que não é dever de diretores da instituição opinar sobre a medida, mas apenas acatar a legislação.

O indicado também fez alguns acenos ao presidente do BC, Roberto Campos Neto. Disse não ser desejo de ninguém que esteja ocupando ou seja candidato ao BC "fazer alguma coisa à revelia do que saiu da vontade democrática ou alguma coisa nesse sentido".

Segundo ele, "isso é visível, inclusive, porque os diretores e o próprio diretor-presidente, sempre estão muito dispostos a dialogar".

Galípolo também se referiu a Campos Neto ao mencionar a trajetória da relação entre crescimento econômico e dívida pública. “O próprio Roberto [Campos Neto] tem dito, a única solução é crescer mais e para crescer precisa enfrentar essa agenda que muitas vezes é recebida com ceticismo pela dificuldade do que se precisa enfrentar", declarou.

Cenário político - A análise dos indicados também ocorre em meio a um cenário político em que o Congresso Nacional discute o chamado novo arcabouço fiscal, conjunto de medidas propostas pelo governo para tentar equilibrar as contas públicas.

O novo marco fiscal substitui o teto de gastos e, em linhas gerais, desvincula o crescimento das despesas da União à inflação e passa a vinculá-lo ao crescimento da arrecadação.

O governo argumenta que o novo arcabouço permite equilibrar as contas públicas, garantir investimentos e, ainda, reduzir a taxa de juros.

O texto já passou pela Câmara, mas, como foi alterado pelos senadores, deve ser analisado novamente pelos deputados. A expectativa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é votar o projeto ainda nesta semana.

Questionado sobre o arcabouço, Ailton de Aquino Santos afirmou que o texto “pode ser um indutor relevante para a redução das taxas de juros no devido momento”.

Com informações do Globo.com

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