domingo, 30 de outubro de 2022

Eleito presidente pela 3ª vez, Lula declara: 'O Brasil está de volta'


Na eleição mais polarizada e tensa desde a redemocratização, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 77 anos, foi consagrado presidente da República pela terceira vez. A vitória do petista foi por margem aperta. Ele obteve 50,9% dos votos, contra 49,1% do atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL). Com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa, Lula será empossado em 1º de janeiro de 2023.

Em discurso logo após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar a vitória, Lula saiu de casa, na zona oeste de São Paulo, e se dirigiu a um hotel na região da Avenida Paulista para encontrar apoiadores. O discurso foi centrado na democracia e na pacificação do país. "Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nesta campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora", enfatizou. "Neste 30 de outubro histórico, a maioria do povo brasileiro deixou bem claro que deseja mais, e não menos democracia."

Lula, que disse ter conseguido "uma ressurreição na política brasileira", também pregou paz e disse que será presidente de todos. "A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somo um único país, um único povo, uma grande nação", frisou. "Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio."

Ele afirmou que ninguém quer viver em permanente estado de guerra. Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído", sustentou. "É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida."

Combate à fome - O presidente eleito ressaltou que o primeiro desafio do seu governo será garantir comida no prato dos mais vulneráveis. "Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer", apontou.

Na questão geopolítica, Lula reforçou a necessidade de fazer o Brasil deixar de ser um "pária internacional". "Hoje, nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta. Que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo", disse. Ele falou em "reconquistar a credibilidade, a previsibilidade e a estabilidade do país para que os investidores - nacionais e estrangeiros - retomem a confiança no Brasil".

A proteção ambiental também foi destaque no discurso. Lula prometeu perseguir meta de desmatamento zero no bioma amazônico. "Por isso, vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia e combater toda e qualquer atividade ilegal — garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida", listou. "Vamos provar mais uma vez que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente. Estamos abertos à cooperação internacional para preservar a Amazônia, seja em forma de investimento, seja em pesquisa científica. Mas sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania."

Fraternidade - Lula reafirmou seu compromisso com uma frente ampla para governar o país, pontuando não conseguir realizar as transformações propostas sem a colaboração de toda a sociedade. "Sei a magnitude da missão que a história me reservou, e sei que não poderei cumpri-la sozinho. Vou precisar de todos - partidos políticos, trabalhadores, empresários, parlamentares, governadores, prefeitos, gente de todas as religiões. Brasileiros e brasileiras que sonham com um Brasil mais desenvolvido, mais justo e mais fraterno", frisou.

Horas depois, para uma multidão reunida na Avenida Paulista, Lula admitiu estar apreensivo sobre como comandará o país. "Estou metade alegre e metade preocupado. A partir de amanhã (hoje), tenho de me preocupar sobre como é que a gente vai governar este país", disse. "Eu preciso saber se o presidente vai permitir que haja uma transição."

O presidente eleito reclamou do fato de Bolsonaro não ter ligado para ele. "Em qualquer lugar do mundo, presidente derrotado já teria ligado para mim se reconhecendo derrotado. Ele até agora não ligou, não sei se vai ligar", contou.

O petista também mencionou a fé. "Voltar aos 77 anos e ganhar só pode ser obra de Deus e do povo brasileiro", enfatizou.

Com informações da Folha de São Paulo

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