domingo, 2 de fevereiro de 2025

Pesquisadora santa-cruzense publica artigo na revista Carta Capital sobre moda informal


Apesar de todos os avanços tecnológicos, o setor de Confecção ainda não conseguiu oportunizar melhores condições de trabalho às mulheres profissionais da costura, principalmente aquelas que trabalham em domicílio. A professora, pesquisadora, idealizadora e co-fundadora do Coletivo Mulheres do Polo, Virgínia Vasconcelos, traz à tona essa discussão ressaltando a ausência de transparência e de ações efetivas que tirem da informalidade milhares de mulheres, através do artigo “Moda verdadeiramente responsável deve proteger as costureiras informais”, publicado nesta semana pela revista Carta Aberta.

O artigo destaca ainda que as costureiras detêm uma participação significativa na produção de roupas, mas ainda sem a garantia de direitos e as condições mínimas de trabalho. “Trata-se, em sua maioria, de trabalhos realizados em domicílio, mediante contratos de trabalho flexíveis, sem garantias, sem direitos e mediante pagamento por peça produzida, ou seja, um contexto em que as costureiras atuam com direitos violados e/ou negados,” pontua Virgínia.

No Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco, um dos maiores do seu segmento no país, uma pesquisa do SEBRAE de 2012, 80% das empresas atuavam na informalidade com produção, até então, predominantemente terceirizada, fragmentada em unidades produtivas familiares e domiciliares. Desde então, a continuidade da intermediação entre fornecedor formal e produtor informal, a ausência de transparência no monitoramento da produção, muitas vezes decorrente da terceirização de processos, e a vulnerabilidade socioeconômica das costureiras têm contribuído para a estabilização desse percentual.

Uma das iniciativas para mudar essa realidade e que busca conscientizar as grandes empresas da urgência de discutir e, principalmente, de inserir essas mulheres em mecanismo de proteção e de trabalho digno é o Coletivo Mulheres do Polo, apresentado pela pesquisadora no artigo. “A transparência deve começar pelo reconhecimento público da existência de uma indústria informal, marcada pelo trabalho precário e a falta de direitos, onde as mulheres são as mais afetadas,” destaca Virgínia.

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