Um dia após o
resultado do segundo turno ser divulgado, o advogado Antônio Campos, que
concorreu à Prefeitura de Olinda pelo PSB, fez um desabafo: revelou que foi
abandonado pelo seu partido, que - segundo suas palavras - desde as
pré-convenções tentou retirá-lo da disputa.
“O PSB tentou,
várias vezes, desestabilizar minha campanha”, afirmou Campos, em entrevista
exclusiva à Folha de Pernambuco. Ele também destacou que o apoio do
governador Paulo Câmara foi inexistente no 1º turno e formal no 2º. “Sequer
recebi um telefonema do Palácio depois das eleições”, contou. Ele criticou,
ainda, a postura do partido em relação à candidatura de Raquel Lyra (PSDB), em
Caruaru, classificando-a de "um equívoco". Comentou sobre a
ausência da cunhada e correligionária Renata Campos no seu palanque e lembrou
que, apesar de não ter vencido as eleições olindenses, se considera vitorioso
pelos 90.558 votos obtidos. Um resultado, ressalta, que alcançou
"sozinho". Campos assegura que é candidato em 2018 e que não vai
deixar o PSB. "Nasci e vou continuar na política", disse. Confira
abaixo.
O senhor contou com o apoio do PSB estadual
nessas eleições? - O PSB estadual durante o período pré-convenção tentou,
várias vezes, desestabilizar a minha candidatura. A fragmentação das
candidaturas no 1º turno teve o apoio de setores expressivos do Palácio do
Governo. Um dos prêmios de Augusto Coutinho foi ter a Junta Comercial de
Pernambuco. Não tenho um cargo no Governo de Paulo Câmara. O Governador não foi
no 1º turno e fez um apoio formal no 2º turno. O PSB Estadual trabalhou contra
o tempo todo. Isso se deve a não querer o surgimento de uma força nova nos
quadros do PSB. Sequer recebi um telefonema do Palácio após o resultado das
eleições. É o mínimo de elegância, até porque em nenhum momento ataquei o PSB e
o governador nas eleições.
E a vitória do Professor Lupércio, como o
senhor encarou? - Não enfrentei Lupércio, mas a máquina do PC do B e forças
expressivas do PSB Estadual, que propiciaram sua candidatura no 1º turno e o
ajudaram nos bastidores no 2º turno. As poucas participações do PSB estadual em
Olinda foram formais. Por outro lado, não deu tempo em uma eleição curta, no 2º
turno, de desconstruir o discurso do adversário, que desqualificou o debate
para assuntos como “filho de Olinda x forasteiro”, “rico x pobre”, as mistificações
nas redes sociais e os boatos na periferia de Olinda.
O senhor continuará na política? - Nasci
nela e continuarei na política. Sou candidato em 2018. Não vou sair do PSB,
inclusive vou participar das eleições nacionais em novembro de 2017. Esse
partido foi construído, em grande parte, pelo meu avô e tenho a honra de
presidir o Conselho Deliberativo do Instituto Miguel Arraes, por convocação da
minha avó Magdalena Arraes, cujo centenário de nascimento de Arraes celebramos
esse ano. Teremos uma programação extensa de comemoração ao centenário, em
dezembro.
A ausência de Renata Campos e de João
Campos foi visível. O que houve? - Acho que Renata Andrade Lima Campos não
foi grata comigo. Fui um irmão leal. Fui o cidadão que mais defendeu Eduardo
Campos no famoso caso dos precatórios, tendo coordenado sua defesa jurídica, e
sofrido muito, pessoalmente, com o episódio, ante uma grande perseguição de
Jarbas à época, mesmo não tendo participado do caso. As mesmas forças que atacaram
duramente Eduardo, tiveram o apoio de pessoas da minha família, agora, na
eleição em Caruaru, enquanto me abandonaram. Essa é uma história que remonta há
muito tempo, ela jamais gostou dos Campos, inclusive do meu pai, mas a perdoo e
desejo muita paz a ela, que comanda muito a política do PSB no Estado, sem
querer aparecer ostensivamente. A perda de Eduardo, aos 49 anos, é muito duro
para todos da família e deveria ensinar mais humildade e humanidade. Quanto a
João Campos, ele é um dos sucessores de Eduardo Campos, inclusive já disse isso
diversas vezes. Pedro Campos, seu irmão, é um grande talento também, por
exemplo. Não disputo esse espaço. Apenas digo que Eduardo é meu único irmão e
reproduzo um depoimento dele, em vídeo. Sou um Campos Arraes na política e deve
haver espaços para todos, não deveria haver discriminações ou perseguições.
E sobre a postura e importância da sua mãe, Ana Arraes, nessas eleições? - A minha mãe, pelo cargo que exerce, não pode participar da campanha eleitoral. Mas o grande nome político e ligação política da família Campos e Arraes é Ana Arraes, filha de Miguel Arraes, mãe de Eduardo Campos, que viveu o período difícil da ditadura, foi eleita por duas vezes deputada federal e é ministra do TCU, que poderá se aposentar e voltar à política.
E sobre a postura e importância da sua mãe, Ana Arraes, nessas eleições? - A minha mãe, pelo cargo que exerce, não pode participar da campanha eleitoral. Mas o grande nome político e ligação política da família Campos e Arraes é Ana Arraes, filha de Miguel Arraes, mãe de Eduardo Campos, que viveu o período difícil da ditadura, foi eleita por duas vezes deputada federal e é ministra do TCU, que poderá se aposentar e voltar à política.
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